Camisa 10 também é Crack

Alguns os chamam de “Os The Walking Dead”, outros de Cracudos. A verdade é que recebem muitos nomes, e ainda maior é a quantidade de condenações. E antes que eu discorra sobre o assunto, faço questão de deixar claro que aqui não defendo o uso da droga, ou dos usuários, que são muito marginalizados. Pelo contrário, sobre eles não manifesto opinião alguma. O que realmente opino, e tento trazer a tona é o simples fato que usuários de crack são a bola da vez, assim como os usuários de maconha já foram.

As drogas são o que ligam os homens a loucura. Muitas pessoas pobres encontram na droga um escapismo, outras um negócio. Já as ricas, encontram a euforia, um fio de sentir forte que os ligam a vida, ou os mostram o que é viver. Mas o fim é no vício. O uso desenfreado de qualquer coisa leva ao vício, seja chocolate, computadores, celulares, maconha, ou crack. Obviamente as formas de uso, benefícios e malefícios são diferentes, mas no geral, o vício é visto como algo ruim. Em absoluto, como algo averso ao que a cultura denomina como correta.

Lá pela década de oitenta, a maconha foi marginalizada, e difundiu-se a ideia que quem a usasse por uma única vez estaria automaticamente viciada. É engraçado ver como em 2013 essa droga se tornou tão popular quanto o cigarro, e pior, menos inofensiva que muitas drogas lícitas.

O crack realmente mata, vicia, destrói famílias e toda a pá de argumentos que moralistas, religiosos ou defensores da vida longe dos vícios possa dizer. Mas ela não leva de todo a sanidade de um homem. Pelo contrário, o instiga a coisas que em plenas faculdades mentais, a sociedade recrimina, e até com razão.

Mas qual o motivo de existir realmente a droga da vez? Assim como foi com a maconha, e agora é com o crack? A resposta é simples: O governo não pode garantir, ou sanar todos os direitos e necessidades da sociedade. Imaginem um país com duzentos milhões de habitantes, e que 1% dessas pessoas vão diariamente aos hospitais; Os custos seriam gigantescos, e são, sem contar o espaço para receber diariamente dois milhões de pessoas. E quanto a segurança então? Vamos colocar como um quarto da população estando na linha da pobreza, o que seria equivalente a cinquenta milhões de pessoas. E se dessas cinquenta milhões, um milhão resolvesse virar assaltante. Quão grande não seriam os gastos com a segurança? Será que mesmo com impostos abusivos seria possível controlar essas coisas? A resposta é simples: Não.

Se os impostos aumentam, as pessoas tem menos dinheiro, e o que era um quarto da população na linha da pobreza provavelmente vai aumentar. A segurança é cara, a saúde é cara. Saneamento básico, e todas as despesas básicas o são. O salário pago ao proletariado, é barato. Mão de obra a preço de entrada em um desses circos que ficam nas praças de pequenas cidades: 10 reais por pessoa, e criança não paga.

O governo precisa criar medo, assustar a população, e por isso é preciso uma bola da vez. E aí entra o crack. A droga que leva ao vício no primeiro uso. Bom, a verdade é que nada leva ao vício quando usado pela primeira vez. Se isso fosse verdade, o número de fumantes e drogados seria exorbitante. E admitamos, quando analisados estatisticamente, de maneira detalhada, os números não são assim tão assustadores. Mas os usuários de crack são: Assim como são bandidos, assassinos, marginalizados e incompreendidos. Assustam pela fuligem que cobre a pele. Pelo preto de terra, ou cheiro de suor e toda a pá odores ruins que impregna nas roupas e em todo o resto do corpo.

Se o governo não consegue controlar toda a população, ele pode ao menos assustar boa parte, intimidar a outra, e fazer a manutenção do poder pela falsa esperança da democracia. E acima de tudo, usar a força para calar todo o resto. A liberdade é a maior prisão do homem.

A liberdade dá ao homem o direito de escolher, mas a verdade é que seres tão emocionais não conseguem usar de frieza para pensar em tudo. A massa de manobra acaba transcendendo o propósito inicial e sendo tomada pelo frenesi. E o pior de tudo, democracia nada mais é do que oprimir a minoria pela vontade da maioria. Se de dez pessoas, oito votam para que o museu seja demolido e duas para que não seja, a maioria vence, e o museu é demolido. Simples, de maneira curta e grossa, a democracia como a conhecemos demanda maleabilidade do povo em aceitar o que a maioria, que eles sequer sabem quem são, escolheu.

Quando os dogmas sobre uma coisa caem, logo outro judas é levantado. E outra onda de medo vem, para que assim, a justiça (Ou o governo) tenha um inimigo a combater publicamente. Sejam as drogas, seja a marginalidade, ou os gráficos que tiram toda a humanidade que nós temos, e nos tornam cada vez mais frios, e parte de estatísticas que não sabemos de onde vem.

A droga não marginaliza ninguém, mas sim a necessidade de evitar o alvoroço e o descontrole da população. Quer dizer, se a cultura é quebrada, o povo perde a essência, e já sem a hierarquia que eles mal entendem passa a ser válida. De repente todos são iguais. E a igualdade, que em tese, junto com a liberdade, deveria ser inerente ao ser, se torna uma tortura a sanidade mental.